Neemias 11 e 12 – Consagração e Santificação
Precisamos de regras para conviver socialmente. Um governo, autoridade, responsabilidades, deveres, submissão, etc. Mas as teorias de governo – sejam de igreja, indústria, clube ou grupo – entram em conflito. As ideologias são contraditórias. O que originariamente foi designado para um bem comum torna-se abuso de poder.
Com toda a confusão que nos certa, é importante saber o que a Bíblia ensina.
PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO.
1) CONSAGRAÇÃO
Repovoamento
O trabalho começado por Neemias no cap. 7 quando fez o censo do povo agora pode continuar. Depois de se voltarem para a PALAVRA, ORAÇÃO E ALIANÇA, agora eles iniciam o governo da cidade. A baixa população da capital é um grande problema. A cidade é vulnerável e pode facilmente ser tomada pelos inimigos. Em caso de ataque, Jerusalém seria um lugar especialmente perigoso para viver. Morar afastados de Jerusalém nas suas vilas e fazendas faria que não fossem o foco, e teriam condições de fugirem com mais facilidade. Habitar em Jerusalém, neste momento, era um risco alto, dados os muitos inimigos de Israel.
Ao planejar o repovoamento de Jerusalém, Neemias poderia ter exigido arbitrariamente que certas famílias vendessem suas fazendas e se mudassem para a cidade. Mas não era esse seu método. A decisão de como efetuar a renovação urbana vem do próprio povo. Alguns dos judeus, agora mais cônscios que nunca de sua herança espiritual, oferecem-se para mudar para a cidade. Essa é uma marca de patriotismo e de abnegação.
Vs. 1 – os príncipes do povo (como em Brasília). Muito antes de JK, Neemias elabora essa estratégia.
Ilustração: Conta-se que um idoso, de cerca de 80 anos estava plantando uma árvore frutífera. E um jovem ao vê-lo pergunta-lhe o que fazia. Ele responde que estava plantando uma árvore, e cuidando para que dentro de 20 anos ela estivesse dando muitos frutos naquela região. E o jovem, consternado, questiona: mas só daqui a vinte anos? O senhor jamais poderá comer dos frutos dela. Por que a está plantando então? Ao que o idoso responde: se todos pensassem assim, jamais teríamos nenhuma árvore frutífera hoje.
O segundo passo para repovoar a cidade é uma ação pública. Deitaram “sortes para trazer um de dez, para que habitasse na santa cidade de Jerusalém; e as nove partes permaneciam nas outras cidades”.
A dinâmica interna que está por trás dessa decisão é de grande importância. Eles são o povo da aliança e sabem que estão seguros na presença do Deus que habita a cidade santa (Sl 46). O lançar sortes mostra a submissão à vontade do Senhor (Pv 16.33: “A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão”).
Modelo e Processo
Neemias agora nomeia as famílias que farão nova residência em Jerusalém. O que pode a princípio parecer mais uma lista tediosa de nomes, toma novo significado quando consideramos a estrutura política e a administração da cidade.
Dois grupos diferentes são mencionados em Neemias 11.4-9. Duas tribos separadas. Judá é uma tribo grande, Benjamim é bem pequena. Na divisão dos reinos do norte e de Judá, Benjamin fica com Judá. É natural que sua identidade individual fosse apagada aos poucos. Além do mais, os filhos de Perez têm uma longa história e invejável, ao passo que os de Benjamim não são tão invejados assim (Jz 20 – tribo quase apagada pelas outras tribos). Porém, Neemias faz questão de enfatizar as duas tribos. Ele honra tanto os Benjamitas quanto dos Judeus. Não poderia haver uma grande divisão nesse momento? Neemias estabelece em Neemias 11.9 sub-líderes sobre cada tribo. Ele busca representantes para cada tribo a fim de trata-los com equidade e justiça.
- aprender a ouvir os outros e entender suas necessidades. Muitos presbitérios dividem igrejas por não ouvir os conselhos das igrejas ou mesmo seus membros. É necessário sabedoria.
IGREJA E ESTADO
Temos outros grupos em Jerusalém: sacerdotes que servem no Templo (Ne 11.10-14), os levitas encarregados do trabalho externo da casa de Deus (11.15-18, 22-24) e os guardas dos portões e servos do Templo (11.19-21). Esses grupos já tem seus líderes constituídos e Neemias não interfere nisso.
Esses grupos poderiam constituir uma ameaça aos administradores da capital. Os sacerdotes, em virtude de sua posição como líderes religiosos, já exercem grande influência sobre o povo. Neemias separa bem isso. Ele não é vaidoso. Ele não quer mostrar que manda. Em momento algum vemos isso, temos um líder servo.
Todas as vezes que uniu-se sacerdócio com governo deu problema (Saul foi rejeitado como rei por oferecer sacrifícios e Uzias teve lepra). Neemias não faz a sua administração baseada no sacerdócio. Entidades políticas e religiosas são mantidas separadamente.
A herança espiritual de Israel forma a base do seu sistema de governo e regula seus padrões éticos, mas não são os sacerdotes que regem o povo. Neemias faz uma distinção entre deveres religiosos e civis.
IGREJA E ESTADO. Ambos coexistem, e o Estado não deve ser superior à igreja, nem a igreja superior ao Estado. São esferas de soberania como afirma Dooyweerd.
AVIVAMENTO E VIDA CRISTÃ.
Salvação e Santificação.
Acampamento de jovens, e vida pós-acampamento.
Eles viveram um avivamento em Neemias 8-10. Agora eles precisarão crescer em maturidade. A maturidade não significa que estamos frios, mas que estamos nos parecendo mais com Cristo. Auge da vida cristã não pode ser na conversão, mas na morte.
A consagração dos muros de Jerusalém é o ponto alto dessa experiência com Deus que vai dar o marco para o futuro. Na vida com Deus futura. Os judeus nunca mais caíram em idolatria. Os judeus nunca mais se voltaram para falsos deuses. Eles aprenderam com o exílio. Esse início da reconstrução de Jerusalém foi extremamente marcante para aquela geração, que ensinou as próximas (diferentemente das gerações do período dos juízes).
Neemias 12 mostra da importância daqueles que labutaram na obra do Senhor antes de nós. Somos animados por seu exemplo nobre. A vida deles deve motivar-nos a seguir o bem e buscar o que é justo (Fp 4.8).
Como sempre acontece, os sacerdotes são mencionados primeiro (Ne 12.1-21). Em seguida os levitas e suas famílias (12.22-26). Eles então são lembrados da sua herança espiritual.
Consagração dos Muros (12.43: ofereceram grandes sacrifícios e se alegraram, pois Deus os alegrara com grande alegria, também as mulheres e meninos se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe).
A alegria do Senhor é a nossa força Neemias 8.10. Esse é o ápice. Deus está no meio da cidade. Deus é quem a protege desde antemanhã. Os muros marcam a reconstrução da cidade. Nos alegramos quando percebemos os feitos do Senhor. Quando perdemos de vista, então ficamos ansiosos e perdemos a alegria.
A solução para a falta de alegria é mais uma vez separarmo-nos para Deus. A primazia de nossa vida. Quando isso é feito, o resultado é que nossa realidade interior é transformada e crescemos na fé, e conduzidos à alegria que independe de circunstâncias.
Devemos celebrar louvores a Deus…
• Pelas nossas vitórias (12:27);
• Com união entre os irmãos (12:27-29,43);
• Com grande alegria (12:27,43);
• Com vida pura (12:30);
• Com ordem e arte (12:8,9,24,27,36,42);
• Com a fidelidade das nossas ofertas (12.44-47).
A manutenção dos Sacerdotes e Levitas (12.44-47)
Devem ser sustentados. Isso é prometido na Aliança em Neemias 10, e agora eles cumprem. Cumprir os nossos deveres diante do Senhor nos leva à bem-aventurança.
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